sábado, 20 de setembro de 2008

Abordagem II

Dias após o ocorrido fizeram-se breves as palavras: “hei, vamos conversar?”. E num sorriso largo ela se postou ao seu lado e deu ouvidos às suas novas palavras. Dizia ele:

“Tens estado em meu café pela manhã, no livro que tenho lido, nas minhas conversas, tens estado em meus pensamentos todos os dias. Provocaste o que em mim é mais belo. Algo além da paixão, algo que comove. Hoje, sou encantado pela tua beleza e quero saber se posso encantar-me por ti completamente. Será que posso pedir-te esta noite para conhecer-te melhor e descobrir se toda esta disfunção em meus atos e comportamentos relativos a tu são, de fato, dignos de existir?”

Ela consentiu a noite, mas teve de confessar-se: “Em minha vida há outro alguém por quem não sei se ainda sinto. E tenho tanto interesse em tu quanto dizes ter em mim. Sob tais declarações ainda insistes em sair comigo?”

Sem praguejar deu um largo sim e a convidou ao local onde foram.

Diante dos gestos, das conversas que tiveram por toda a noite, seria impraticável evitar um beijo. Eis que sucedeu-se o dito que multiplicou-se em vários outros somados aos carinhos e às doces e sonhadoras palavras dele. Como era esperado, mas não tido como certo, o rapaz rendeu-se aos encantos da moça que, por sua vez, fez o mesmo. Eram agora amantes sem sombra de dúvidas.

Não esqueceram do outro alguém que a esta hora já estava a perder o título. E este não imaginara nada. Apenas vivia distante e aproximava-se quando era possível. Era o único empecilho que impedia o romance dos dois. Mas, a saudade é danada, e tornou-se personagem principal na evolução dos sentimentos. Deu-lhes mais vontade à medida em que se viam e não podiam aproximar-se. Começavam a deixar, inconscientemente, que o impedimento aumentasse o desejo e as emoções. Nada mais sedutor do que o amor proibido.

Dia após dia se viam e se olhavam e se mantinham distantes. Agora sabiam que partilhavam os mesmos pensamentos e sentimentos, tudo era uma questão de tempo. Enquanto ela procurava coragem para deixar o outro ele entendia os motivos da aflição e esperava pacientemente tentando ajudá-la e a conquistando mais e mais apenas através de palavras. Sem toques, sem flores. Poucos poemas e vários olhares, mas, principalmente com as palavras.


Continua

2 comentários:

• c. disse...

Aguardo as próximas cenas!

Um caso perdido. disse...

tudo aqui é tão bonito...