quinta-feira, 27 de março de 2008

Aprendizado

Ele nunca me chamou de flor. Entretanto, me escrevia poemas onde assim me chamava. Jamais me dava ouvidos, mas ouvia tudo que eu dizia. Pouco me falava e tanto me fazia que nem poderia notar que suas poucas palavras eram suficientes para expressar tudo que eu queria ouvir. Não me fazia nada e, assim mesmo, estranhamente, me via satisfeita com tudo que ele fazia. Divertido é que eu sempre reclamava.

Todo dia ele calava enquanto eu reclamava de sua falta de postura, de seu comportamento infantil, das suas brincadeiras, de suas poucas juras de amor. Não suportava suas pequenas histórias com lições nas entrelinhas. Julguei tudo o que podia. Suas roupas, seu comportamento, suas histórias, seus sentimentos. E, ainda assim, ele não mudava. E perdi.

Seu silencio vinha do meu já sabido temperamento, quando contrariada em momentos de sangue quente, jamais escutava. Sua postura era a mais certa comigo, não reagia. Seu comportamento era infantil porque ele se sentia como uma criança comigo, não importava mais o mundo. E existe prova de amor maior que esta? Esquecer o mundo quando estava ao meu lado. Tudo era eu e ele naqueles momentos bobos e, hoje, lindos. Suas pequenas histórias eram as lições que eu deveria aprender. Ele as contava de forma terna e compreensível para que minha cabeça dura não o impedisse de tentar me ajudar quando eu tentasse interromper um sermão. A ele não importava nada se estivéssemos juntos. Seus sentimentos eram a prova viva de que alguém ama. Não os vi.

Perdi. Fiz tudo o quanto pude pra corrigir mas ceguei por tempo demais. O feri. O magoei. E tardei em enxergar todo o seu esforço. Daqui uma lição. Aprendi que cada um demonstra seus sentimentos de uma forma diferente. Não se deve tentar arrancar nada de ninguém. Correto é entender como os outros demonstram o que sentem. Por não saber disso. Perdi. Adeus.