terça-feira, 16 de agosto de 2011

Um Espaço de Tempo

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O que é um espaço de tempo comparado com todo tempo do mundo? Que ilusão sobrevive o bastante? Só mesmo se for real, dura, perdura e frutifica. Vingar, só vinga quando é forte o suficiente. Não adianta plantar uma arvore já crescida. Sem raízes bem fincadas no chão, por mais bela que pareça, será apenas um pedaço de madeira de pé e pronto para cair na primeira brisa que chacoalhar suas folhas.

“Tempo ao tempo” é como se diz. Criemos algo do começo. Sejamos ínfimos, minúsculos, pequenos, para que, então, cresçamos, andemos, falemos de tudo que viveremos, que vivemos, que estaremos vivendo. Para que, enfim, sejamos grandes, tão grandes quanto desejamos ser, para que alcancemos o céu e nem a maior tempestade possa nos derrubar. Posto que crescemos, desde ínfimos, para todos os lados. Posto que não olhamos apenas para cima querendo alcançar os flocos de nuvens no céu, mas procuramos nos espalhar ao nosso redor e a cada camada que formos criando, mais três se formarão por cima. Até que no futuro, vendo nossa aparência jovial, não consigam entender como uma árvore tão velha conserva tanta juventude. Aí sim, diremos, sorrindo, abraçando-nos, com os olhos brilhando: “Somos apenas um espaço de tempo circulando por todo tempo do mundo!”


(A.S.)