sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Bela vida vazia

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Sorria alegremente.

Não tens mais peso nas costas ou a quem dar atenção
Não tens sequer responsabilidades com pessoa qualquer
Não tens nada que te prenda ou te controle, individuo

Sorria felizmente

Não há motivos para a tal tristeza nesse momento
Quão leve pode ser a liberdade de só ter nada
Sem razões, sentimentos, lucidez, sem virtudes

Sorria tristemente

Pois não há tão só alma a vagar nesse mundo
És fruto absurdo do resultado de si mesmo
Mais triste, só e isolado que podes agüentar

Sorria amargamente

Pois ninguém nesse mundo foi feito pra te entender
E suas falhas levantarão vozes, diferentemente de seus feitos
E não poderás errar, pobre criatura infame

Agora chora alegremente se conseguir.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Conquista III

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Mais uma semana passava e, encantado, o rapaz tornava a conseguir um novo encontro. Foi, ele, com uma hora de antecedência e a esperou na rua onde haviam marcado o primeiro encontro (salvo que os outros se deram ao acaso).

Um lugar intrigante aquela rua. Composta de velhas construções, algumas reformadas, outras, se não caindo aos pedaços, próximas disso. Além do aspecto simplório e envelhecido. Um lugar, tal como ela, difícil de interpretar à primeira vista.

Leu seu livro por uma hora e não sentiu frios na barriga ou expectativa. A moça lhe parecia tão distante algumas horas, mas, o deixava confortável. Não havia ali excessos. Somente o necessário. Quando chegada a hora do encontro, fechou seu livro, guardou-o em sua mochila, passou a esperá-la. Pensava em como aborda-la de forma correta. Menina sensível e já declaradamente triste haveria de ser abordada com todo tato possível.

Dada a hora, dela, ela chega. Um breve sorriso de lado, um caminhar tranqüilo, senta a mesa, pede uma cerveja e exige a marca. Finalmente o cumprimenta. Abordados os assuntos iniciais, trocam de mesa – para se afastarem do som estridente do bar – e tornam a conversar.

Agora o diálogo toma outro rumo e as revelações não tardam a serem feitas. Seus traumas, suas mazelas, suas vontades e parte de suas vidas vão aflorando e se apresentando naturalmente.

- Devo falar do meu passado recente. História triste, confusa e que ainda me toca muito.

Não haveria, o rapaz, visto tantas palavras e tantas expressões em sua face quanto via durante aquelas palavras. E não parou por aí.

- Fui descrente no amor por longa data e a pouco resolvi me arriscar nesse mar de contradições. Por hora, acreditei que poderia e sofri. Vendo-me já preparada para uma nova decepção, fui forte e dura o quanto pude, até que amoleci mais uma vez e, outra vez, o amor me derrubou. Ainda encontro-me triste, ferida, magoada e, pior, apaixonada.

As revelações talvez não fossem tão surpreendentes para o pobre rapaz que escutava atento cada palavra enquanto moldava discursos para confortá-la e até conquistá-la. Seu passado também não havia sido fácil e, descobriu ele, que no mesmo período teve decepções semelhantes às ouvidas por ele naquele momento. Eram os momento finais do discurso da moça apaixonada e seu tempo de elaborar algo iria se findando. Era a hora de escolher entre continuar uma batalha ou declarar a donzela perdida. O que fazer?

Continua...