terça-feira, 5 de maio de 2009

Auroras de outras vidas


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De certo era que era a mesma paisagem de fundo. Bastava desbotar os olhos, amarelar a percepção e envelhecer mesmo que voltando no tempo. As plantas que se agarravam aos muros, o singelo balanço que fora de tantas gerações – agora abandonado – sustentado pela velha mangueira. Época feliz aquela. Onde as infâncias eram infâncias e não apenas protótipos de adultos.
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Foi-se o tempo em que pões e bonecas, bolas e balanços eram a maior das diversões. Antes se fossem as TVs e os desenhos animados cheios de intervalos e comerciais e voltassem as revistinhas em quadrinhos, as histórias de contos em livros sem pausas que não fossem seus capítulos ou sonhos.
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Mas o tempo se faz mais curto do que é até para quem tem todo tempo do mundo. Adeus longas histórias que prendiam a atenção. Adeus folclore e lendas populares. Esta época é de aprender a lutar por nada, bater, se machucar, atirar com o maior nível de realidade possível, atropelar...
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Cabe aos que ainda lembram admirar paisagens semelhantes, de longe, porque hoje é até estranho ver alguém brincar como antigamente.