segunda-feira, 14 de julho de 2008

O amor é cego

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Deixo a mim mesma assim como me encontro. Meu abandono tem razões claras, lógicas, humanas, sentimentais e até fáceis de compreender. Amo. Tanto quanto posso e com a força que posso amar. Com toda a intensidade da palavra, cada sílaba, cada letra, cada gesto que a acompanha. Amo. Caso houvesse de morrer pelo amor, jamais hesitaria. E sim, é claro, gosto do que sinto.
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Porque me deixo? E porque haveria eu de ficar comigo mesma? Não quero viver só dentro de mim cercada do que penso e do que gosto. De que me vale o gosto se não tiver ao lado quem gosto. Pois mais me favorece o abandono de mim mesma a manter esta essência que, por hora, em tentativa anterior, também me isolou.
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Enfim encontro-me. Nele? Mesmo que não seja perfeito – e quem é? – neste. Só quem me dá a certeza de ser-me sempre merece ser meu fim. Sim, meu porto seguro, meu destino, onde descanso, de onde não preciso sair nunca. Sim, minha paz em meio a todas nossas guerras. Dizem que deixo-me, não sou mais quem sou. Mas prefiro encontrar-me nele e ele ser e então, assim, evito algumas dessas guerras, afinal, não passa de um conflito interno, pessoal, e estes sempre resolvemos, não podemos fugir. Afinal, sou-o. Tenho medo de estar só.