domingo, 25 de janeiro de 2009

Diálogo

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Não sei se há maldade no que me dizes ou se dizes apenas maldades sem ao menos as verdades saber. Sei sim que me dizes tanto quanto podes dizer e me falas de tanto quanto podes lembrar além de vês verdades nessas maldades que dizes. E, de tanto que falas destas tuas verdades, das minhas maldades, vejo que crês em todas elas, contudo, faço-me pacífico ao escutá-las. Vejo que me vês tanto sobre tuas verdades, em ti, inquestionáveis que não faço-as mentiras de cara. Dou-te tempo e crédito nas verdades tão más e nas maldades tão verdadeiras que me trazes. As ponho em pauta e acredito nelas assim como te postas a crer. Em seguida, como faria e faço com cada uma das minhas verdades, as questiono, em alta voz, diante de ti, e articulo claramente cada palavra que se esvai da minha boca crendo que estas vão tornar-se razão, reflexão ou, ao menos, algo que torne sua opinião mais disposta a mudanças. Então, munido de perguntas e de respostas prováveis, te chamo para uma resolução mútua, trago respostas possíveis e impossíveis e começas a te confundir com o que falo, trago-te mais e mais visões a respeito do fato e conservo o que havia de correto em tua posição. Neste meio tempo, corrijo minhas impressões erradas e peço que faças o mesmo. Aos poucos, frase a frase, fato a fato, clareias nossas visões, vês as mentiras e maldades nas verdades que te eram tão corretas e intactas e me fazes entender o que tanto te incomoda em minha conduta, criamos novas rotas, novos pensamentos, nos aproximamos mais, nos envolvemos mais, nos abraçamos e, pedidos e aceitados os pedidos de desculpas, fazemos as pazes e voltamos a ser felizes.


Augusto Simões