quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Conquista II

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Deixa ele ir pobre moça desiludida. A mágoa é coisa triste e ruim, mas, quando se deixa exposta ao tempo, pode inflamar a ferida. Há remédios que curam essas dores. E que dor não é curável?

A tristeza isolava a moça dos olhos inchados e bem secos. Não existem mais lágrimas, mas a dor perdura. Então deixa que esta dure, deixa a dor comover e ensinar. Mas não deixa que esta tire mais do que já tirou.

E a moça seguiu se arriscando. Pouco a pouco. Uma ou duas vezes por mês deixara o pobre rapaz aproximar-se. Este, não economizava em paciência, era uma dedicação quase cega e respeitosa. E, a cada vez que se viam, naturalmente, crescia a intimidade, e o apego. Mesmo que nesses poucos dias em que horas tornavam-se breves momentos as conversas, escassas e bem curtas, revelavam aos dois o que os fazia se deixarem, ela sem deixa-lo de vez e ele sem desistir daquilo que ele nem sonhava ser amor.

O rapaz, sempre que achava que poderia fraquejar, pedia, brevemente, um estimulo de moça tão discreta e de tão poucas palavras. E ela, sempre que requisitada, curta, breve, mas envolvente, usava seu olhar para dar dimensões prolixas às suas poucas palavra. E assim, renovado, seguia o rapaz, a esperar, mais uma vez, o tempo que fosse necessário. Algo lhe antecipava um sentimento nobre e vivências inesquecíveis.

Continua...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Conquista I

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Mesmo com toda salinidade deste mar de amarguras ainda comportava doçura a menina ferida. Pobre donzela cercada de amargura e tristeza, isolava-se em sua vida, em seu quarto em seu eu. “Deixa o mundo de lado, por agora, não preciso dele, tanto assim.”. Assim chorava a menina que não negava um sorriso quando ele se chegava. Mas chegara tarde demais, por hora, que agora a menina não queria mais ninguém. Ainda assim, não negava aqueles sorrisos que o impulsionavam.

E, passo a passo, foi-se chegando, ele, do seu jeito, como o terceiro que chegou do nada. E quanto mais ela se afastava ele mais insistia, sutilmente, em se aproximar. E sua insistência não incomodava. Sim, ela sentia-se melhor. Como provando para si que era melhor do que se sentia. E, talvez por isso, não conseguia dar-lhe um não. Não conseguia nega-lo quando este se aproximava.

Continua...