terça-feira, 10 de agosto de 2010

Por Dentro

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Já não espantavam as tamanhas paredes, vazias de cores, despidas de quadros. Tampouco a decoração, já há muito abandonada, que se dispunha como sempre em posição, porém tão conservadas quanto o resto. Ali, onde vibrava a vida, só vagavam insetos. Cortinas transpareciam, disformes, tecidas pelo tempo, a imagem que se tinha. Sem deixar passar as poltronas, massacradas pelo uso, pelo mofo, pelos pêlos que ainda vagavam por ali. Deixava-se entender que nem sempre fora assim. Sim, as manchas no tapete imundo ainda eram visíveis, assim como o pó da madeira há muito comida pelos, já obesos, cupins. Passou-se o tempo e lá estava a ferrugem após comer cada abajur sem lâmpada que ainda restava. Não circulava vento e o mofo tomava as paredes com a pouca umidade que restava naquele lugar. Dominava tudo. Fora, só se via a brisa que nada lembrava. Tudo se foi. Não sobrava nada naquele lugar, senão o esquecimento.