segunda-feira, 9 de março de 2009

Ensaio sobre a cegueira, surdez (sobra a omissão)

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Já ouvi falar muito que o pior surdo é aquele que não quer ouvir, contudo, uma recente estréia parece ter se enganado com o sentido escolhido. Ensaio Sobre a Cegueira retrata uma hipótese semelhante à uma realidade vivida atualmente. Contudo um título mais adequado seria: “Ensaio Sobre a Surdez”.

Não precisa ser um ambientalista ou um membro do Greenpeace para ter noção do que se passa no mundo. Previsões de catástrofes, derretimento do gelo nos pólos, superaquecimento global e o velho buraco na camada de ozônio que nos tem causado tantos cânceres já não podem ser chamadas de notícias recentes e, ainda assim, lá vamos nós ouvir pessoas se lamentando e dizendo que só Deus pode ajudar – afinal, parece que o ser humano se inocenta de qualquer responsabilidade quando se trata da natureza.

E porque não condenar os culpados de fato, afinal, Deus, se é que ele existe de fato, nos deu o planeta e não se dispôs a ser o faxineiro. Na verdade, é hora de apontar os reais responsáveis por nossas chuvas que inundam São Paulo, pelas cheias nos canais imundos de Recife, pelos tornados já frequentes no sul do país.

Qualquer um que tenha acesso à TV, jornal, rádio ou qualquer campanha sabe que não são espíritos que jogam o lixo num terreno a céu aberto, não é o mar que faz os navios vazarem óleos, não é nenhum rato que entope bueiros nem joga sacos de lixo nos rios. O homem que se prejudica com cada um dos resultados destes atos é o que, além de causar, sofre com as conseqüências clamando por um por quê quando se vê no desespero. Somos sim os maiores culpados pelos desabrigados em SC, pelos prejuízos em SP, pelos canais de Recife e até pelo aquecimento do planeta.

Soluções? São apresentadas todos os dias. Atitudes simples como separar o lixo orgânico do reciclável, assim, diminuindo o tempo de degradação nos nossos tão bem estruturados lixões; não jogando cigarros, embalagens de comida ou qualquer objeto para evitar o entupimento dos bueiros; protestando contra a emissão de gases poluentes dos nossos governos.


A pena é que a surdez e a cegueira são tão recorrentes que este não vai passar de mais um aviso, de mais um apelo. Nossa omissão está destruindo o planeta e você, caso haja como a maioria, pensando “puxa, é mesmo!”, e voltando à sua vida normal vai ser mais um surdo a se perguntar: “Porque, Deus?”. Uma coisa eu garanto, não vai ouvir a resposta.


Augusto Simões