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Com grande decisão a ser tomada em pequeno espaço de tempo, o coitado arriscava em insistir. Relutante e receosa, a menina aceitava as novas idéias apresentadas pelo pobre rapaz. Este também sofrido como agora também era sabido. E, se fez um dito acordo naquela hora para que se houvesse tempo de se entenderem melhor. Ela avaliaria a situação mais relaxada, ciente de todos os fatos e das intenções do dito rapaz. Ele, conhecendo melhor a história e até ganhando tempo, procuraria saber se deveria prosseguir com tal relação.
Passavam-se alguns dias e o rapaz matutava sobre a menina, procurando dar-lhe espaço o suficiente para não sufocar e não indo tão longe para não ser esquecido. Era um caminho sinuoso a ser percorrido e os pensamentos deste passavam a arquitetar certas estratégias para descobrir se valeria à pena ou não. As dúvidas tornaram-se freqüentes e as soluções, várias, foram surgindo em suas reflexões.
Resolvia então parte da charada. Como saber se lhe valia todo o esforço garota essa cujo convívio e o conhecimento era tão pouco? Pensava em si no lugar dela e em seu próprio lugar ao mesmo tempo. O que o faria desistir como sendo ele? E o que a faria incapaz de merecer aquela dedicação ofertada de graça?
Aos poucos as respostas iam chegando. Este – o rapaz – não deixaria bobagens afetarem o que poderia vir a ser uma futura esperança. Não era fácil se apegar, mas não deixaria algo que acreditasse ser bom findar por qualquer bobagem, para ele, dar as costas por ato menor, de pouca importância, seria confessar o descaso, exibir indiferença. Acreditava que deveria, por uma só vez, testar o outro lado da história. Se as palavras não funcionavam, o encontros eram escassos, as expressões só revelavam aparências, haveria ele de usar princípios básicos da física para achar suas respostas. “Cada ação corresponde a uma reação”. “Causa e conseqüência”. Ela poderia fugir das palavras, das perguntas e até dele, mas, jamais de sua natureza.
Então, ele achou a solução. Haveria de, em gesto breve e suave, de forma fácil de corrigir, cometer uma garfe, um errinho besta, algo que a afetasse no fundo, mas não machucasse. O fez então. Como não esperava, a reação foi além do necessário, exagerada, frustrante. Não haveria de ser naquela união que encontraria, qualquer um dos dois felicidade qualquer. Ela provara que não se deixava, somente aproveitava breves momentos como para sentir-se bem por algum tempo. Ele a fazia rir, aprender. A desafiava e tinha boas respostas e argumentos para conversas.
Sim, sim, era comprovadamente o final daquela história. Ela se foi para um lado e ele voltou a vagar no mundo. Ela no mundo dela, ele no dele. Sem mágoas, sem mais tristezas, só mesmo a certeza de saberem-se diferentes demais ou impossíveis um para o outro.
FIM
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quarta-feira, 27 de agosto de 2008
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Reflexões Sobre o Ventre
Por hora me pergunto: “Seria o ventre chamado de ventre propositalmente?” Assim, para poetas sempre o pensarem como quente. Ou, de tão quente que é, por hábito, o ventre, tornou-se conveniente chama-lo assim: ventre?
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Bela vida vazia
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Sorria alegremente.
Não tens mais peso nas costas ou a quem dar atenção
Não tens sequer responsabilidades com pessoa qualquer
Não tens nada que te prenda ou te controle, individuo
Sorria felizmente
Não há motivos para a tal tristeza nesse momento
Quão leve pode ser a liberdade de só ter nada
Sem razões, sentimentos, lucidez, sem virtudes
Sorria tristemente
Pois não há tão só alma a vagar nesse mundo
És fruto absurdo do resultado de si mesmo
Mais triste, só e isolado que podes agüentar
Sorria amargamente
Pois ninguém nesse mundo foi feito pra te entender
E suas falhas levantarão vozes, diferentemente de seus feitos
E não poderás errar, pobre criatura infame
Agora chora alegremente se conseguir.
Sorria alegremente.
Não tens mais peso nas costas ou a quem dar atenção
Não tens sequer responsabilidades com pessoa qualquer
Não tens nada que te prenda ou te controle, individuo
Sorria felizmente
Não há motivos para a tal tristeza nesse momento
Quão leve pode ser a liberdade de só ter nada
Sem razões, sentimentos, lucidez, sem virtudes
Sorria tristemente
Pois não há tão só alma a vagar nesse mundo
És fruto absurdo do resultado de si mesmo
Mais triste, só e isolado que podes agüentar
Sorria amargamente
Pois ninguém nesse mundo foi feito pra te entender
E suas falhas levantarão vozes, diferentemente de seus feitos
E não poderás errar, pobre criatura infame
Agora chora alegremente se conseguir.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Conquista III
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Mais uma semana passava e, encantado, o rapaz tornava a conseguir um novo encontro. Foi, ele, com uma hora de antecedência e a esperou na rua onde haviam marcado o primeiro encontro (salvo que os outros se deram ao acaso).
Um lugar intrigante aquela rua. Composta de velhas construções, algumas reformadas, outras, se não caindo aos pedaços, próximas disso. Além do aspecto simplório e envelhecido. Um lugar, tal como ela, difícil de interpretar à primeira vista.
Leu seu livro por uma hora e não sentiu frios na barriga ou expectativa. A moça lhe parecia tão distante algumas horas, mas, o deixava confortável. Não havia ali excessos. Somente o necessário. Quando chegada a hora do encontro, fechou seu livro, guardou-o em sua mochila, passou a esperá-la. Pensava em como aborda-la de forma correta. Menina sensível e já declaradamente triste haveria de ser abordada com todo tato possível.
Dada a hora, dela, ela chega. Um breve sorriso de lado, um caminhar tranqüilo, senta a mesa, pede uma cerveja e exige a marca. Finalmente o cumprimenta. Abordados os assuntos iniciais, trocam de mesa – para se afastarem do som estridente do bar – e tornam a conversar.
Agora o diálogo toma outro rumo e as revelações não tardam a serem feitas. Seus traumas, suas mazelas, suas vontades e parte de suas vidas vão aflorando e se apresentando naturalmente.
- Devo falar do meu passado recente. História triste, confusa e que ainda me toca muito.
Não haveria, o rapaz, visto tantas palavras e tantas expressões em sua face quanto via durante aquelas palavras. E não parou por aí.
- Fui descrente no amor por longa data e a pouco resolvi me arriscar nesse mar de contradições. Por hora, acreditei que poderia e sofri. Vendo-me já preparada para uma nova decepção, fui forte e dura o quanto pude, até que amoleci mais uma vez e, outra vez, o amor me derrubou. Ainda encontro-me triste, ferida, magoada e, pior, apaixonada.
As revelações talvez não fossem tão surpreendentes para o pobre rapaz que escutava atento cada palavra enquanto moldava discursos para confortá-la e até conquistá-la. Seu passado também não havia sido fácil e, descobriu ele, que no mesmo período teve decepções semelhantes às ouvidas por ele naquele momento. Eram os momento finais do discurso da moça apaixonada e seu tempo de elaborar algo iria se findando. Era a hora de escolher entre continuar uma batalha ou declarar a donzela perdida. O que fazer?
Continua...
Mais uma semana passava e, encantado, o rapaz tornava a conseguir um novo encontro. Foi, ele, com uma hora de antecedência e a esperou na rua onde haviam marcado o primeiro encontro (salvo que os outros se deram ao acaso).
Um lugar intrigante aquela rua. Composta de velhas construções, algumas reformadas, outras, se não caindo aos pedaços, próximas disso. Além do aspecto simplório e envelhecido. Um lugar, tal como ela, difícil de interpretar à primeira vista.
Leu seu livro por uma hora e não sentiu frios na barriga ou expectativa. A moça lhe parecia tão distante algumas horas, mas, o deixava confortável. Não havia ali excessos. Somente o necessário. Quando chegada a hora do encontro, fechou seu livro, guardou-o em sua mochila, passou a esperá-la. Pensava em como aborda-la de forma correta. Menina sensível e já declaradamente triste haveria de ser abordada com todo tato possível.
Dada a hora, dela, ela chega. Um breve sorriso de lado, um caminhar tranqüilo, senta a mesa, pede uma cerveja e exige a marca. Finalmente o cumprimenta. Abordados os assuntos iniciais, trocam de mesa – para se afastarem do som estridente do bar – e tornam a conversar.
Agora o diálogo toma outro rumo e as revelações não tardam a serem feitas. Seus traumas, suas mazelas, suas vontades e parte de suas vidas vão aflorando e se apresentando naturalmente.
- Devo falar do meu passado recente. História triste, confusa e que ainda me toca muito.
Não haveria, o rapaz, visto tantas palavras e tantas expressões em sua face quanto via durante aquelas palavras. E não parou por aí.
- Fui descrente no amor por longa data e a pouco resolvi me arriscar nesse mar de contradições. Por hora, acreditei que poderia e sofri. Vendo-me já preparada para uma nova decepção, fui forte e dura o quanto pude, até que amoleci mais uma vez e, outra vez, o amor me derrubou. Ainda encontro-me triste, ferida, magoada e, pior, apaixonada.
As revelações talvez não fossem tão surpreendentes para o pobre rapaz que escutava atento cada palavra enquanto moldava discursos para confortá-la e até conquistá-la. Seu passado também não havia sido fácil e, descobriu ele, que no mesmo período teve decepções semelhantes às ouvidas por ele naquele momento. Eram os momento finais do discurso da moça apaixonada e seu tempo de elaborar algo iria se findando. Era a hora de escolher entre continuar uma batalha ou declarar a donzela perdida. O que fazer?
Continua...
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Conquista II
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Deixa ele ir pobre moça desiludida. A mágoa é coisa triste e ruim, mas, quando se deixa exposta ao tempo, pode inflamar a ferida. Há remédios que curam essas dores. E que dor não é curável?
A tristeza isolava a moça dos olhos inchados e bem secos. Não existem mais lágrimas, mas a dor perdura. Então deixa que esta dure, deixa a dor comover e ensinar. Mas não deixa que esta tire mais do que já tirou.
E a moça seguiu se arriscando. Pouco a pouco. Uma ou duas vezes por mês deixara o pobre rapaz aproximar-se. Este, não economizava em paciência, era uma dedicação quase cega e respeitosa. E, a cada vez que se viam, naturalmente, crescia a intimidade, e o apego. Mesmo que nesses poucos dias em que horas tornavam-se breves momentos as conversas, escassas e bem curtas, revelavam aos dois o que os fazia se deixarem, ela sem deixa-lo de vez e ele sem desistir daquilo que ele nem sonhava ser amor.
O rapaz, sempre que achava que poderia fraquejar, pedia, brevemente, um estimulo de moça tão discreta e de tão poucas palavras. E ela, sempre que requisitada, curta, breve, mas envolvente, usava seu olhar para dar dimensões prolixas às suas poucas palavra. E assim, renovado, seguia o rapaz, a esperar, mais uma vez, o tempo que fosse necessário. Algo lhe antecipava um sentimento nobre e vivências inesquecíveis.
Continua...
Deixa ele ir pobre moça desiludida. A mágoa é coisa triste e ruim, mas, quando se deixa exposta ao tempo, pode inflamar a ferida. Há remédios que curam essas dores. E que dor não é curável?
A tristeza isolava a moça dos olhos inchados e bem secos. Não existem mais lágrimas, mas a dor perdura. Então deixa que esta dure, deixa a dor comover e ensinar. Mas não deixa que esta tire mais do que já tirou.
E a moça seguiu se arriscando. Pouco a pouco. Uma ou duas vezes por mês deixara o pobre rapaz aproximar-se. Este, não economizava em paciência, era uma dedicação quase cega e respeitosa. E, a cada vez que se viam, naturalmente, crescia a intimidade, e o apego. Mesmo que nesses poucos dias em que horas tornavam-se breves momentos as conversas, escassas e bem curtas, revelavam aos dois o que os fazia se deixarem, ela sem deixa-lo de vez e ele sem desistir daquilo que ele nem sonhava ser amor.
O rapaz, sempre que achava que poderia fraquejar, pedia, brevemente, um estimulo de moça tão discreta e de tão poucas palavras. E ela, sempre que requisitada, curta, breve, mas envolvente, usava seu olhar para dar dimensões prolixas às suas poucas palavra. E assim, renovado, seguia o rapaz, a esperar, mais uma vez, o tempo que fosse necessário. Algo lhe antecipava um sentimento nobre e vivências inesquecíveis.
Continua...
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