sábado, 22 de março de 2008

João do tempo

Foi-se pondo entre os fatos da vida o que era certo de ser. Por algum motivo, em alguma hora já não era tão certo de ser o que era de fato. Mas o menino não desistia. Encontrava no tempo um ente querido (afinidade esta criada pela semelhança encontrada nas descrições dos personagens). Um ente querido e não visto. Ao mesmo tempo em que ali vivia, poucas vezes era notado. Em momentos era aclamado quando outrora era enxotado quando não desprezado.

Apenas foi-se sendo como era, é e sempre será o tempo. Passado para uns, presente para outros, futuro fosse para quem fosse. Já não mais queria ser certo, posto que nem o próprio tempo, a quem tanto se assemelhava, era. Tornou-se então relativo e, assim, feliz. Já não lhe vinham as mazelas e sofrimentos de ter de ser sempre. E com o tempo ele mudava. Assim como o tempo.

“Ser presente é ser presente no presente, ter sido futuro no passado e vir a ser passado no futuro” já dizia McTaggart. Não haveria de ser ele futuro de ninguém ou passado dos que fosse. Este seria apenas e somente presente dos presentes no presente.

Por fim, em sua vida, já nada era destino a ser mudado ou mantido. Como o tempo, preferiu ser criação do homem e seguir só o que lhe satisfazia, aceitar que os momentos se passassem hora lentamente, hora rapidamente. Já não averia o que fazer. E como o tempo, onde quer que fosse, seria eterno enquanto durasse entres aqueles que o os viam e nele acreditavam. Onde mais poderia chegar senão no seu lugar?

Um comentário:

Lua Durand disse...

o tempo passou por João, João levou o tempo.

passou.