terça-feira, 15 de abril de 2008

O Nobre e o Pobre

Nobre eu, sentando em restaurantes, comprando caro.
Olha lá, além dos vidros tem outro mundo.
Eles pedem, comem lixo, sujam-se e estragam-se.
Não sabem de mim e sei deles.
Olha lá, eles podem sorrir, estão bem. Felizes.
Olha eu aqui. Nobre e morto de medo.
Bem se sabe, eles não têm o que perder além da vida.
E eu? Nobre. tenho tanto a perder.
Vivem bem a vida pois é o que eles têm.
Eu tenho dinheiro e responsabilidades.
Eles têm a vida.
Um me olha nos olhos e vejo nele vida.
Em mim, ele só vê dinheiro e a oportunidade que sou de ter uma refeição melhor no dia.
Vejo nele uma vida sofrida e, ainda assim, sorriso em seus olhos.
Em mim, só vejo meus bens e minha vida mesquinha.
E ele vê o seu almoço um pouco melhor.
Dou-lhe duas cédulas.
Ele me dá um sorriso grato e contente pois seu almoço será dobrado hoje.
Eu vou comer o de sempre, sempre caro e sempre o de sempre.
Ele contará uma história feliz.
Eu, mais uma história.
Ele vai se juntar aos seus.
Eu, volto pra casa e trabalho.
Assim ele vai vivendo.
E eu? Eu vou morrendo e deixo a herança.

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